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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Hamsá, a Idolatria disfarçada

Hamsá, a idolatria disfarçada

O sincretismo judaico-islâmico.

Islamismo

Ela é um artefato místico, uma representação da mão de Fatima bint Muhammad, filha de Muhammad (Maomé) profeta islã.
Facilmente associada aos cinco mandamentos fundamentais que todo muçulmano precisa cumprir os chamados “cinco pilares do islã”:
  1. jejuar
  2. Observar as obrigações no mês do Ramadã
  3. Fazer a peregrinação a Meca
  4. Orar 5 vezes ao longo do dia diariamente
  5. Fazer caridade e professar e aceitar o credo.

Judaísmo

Também conhecida entre os judeus como “mão de Miriam”, Miriam fora a irmã de Moisés e Arão.
Seu uso como um amuleto de proteção é muito comum.
Seja pendurada no pescoço, ao lado da porta da casa, no automóvel como meio de prevenção contra acidentes, ou na carteira para servir contra o mau-olhadoque possa afligir as finanças da pessoa, tal qual utilizam  também a estrela maguem david, a mezuza e o tefilim .

Budismo

É chamada de Abhaya Mudra e possui significado de dissipação do medo.
O destemor é uma das principais virtudes, é o fruto da perfeita auto-realização, significa o redescobrimento da não-dualidade.
Existem provas arqueológicas que mostram o símbolo da Hamsá utilizado como um escudo contra o mau-olhado já muito antes do surgimento do judaísmo ou do islã.
Atualmente os defensores da paz no Oriente Médio têm usado como símbolo para lembrar as raízes comuns do judaísmo e do islamismo buscando, nesse caso, um símbolo de paz e esperança
Uma Hamsá em forma de amuleto com um olho no meio.
hamsá em árabe خمسة, chamsa – significa literalmente “cinco”, referindo-se aos cinco dedos da mão.
Este símbolo sinteticamente adotado pela fé judaica é também adotado pela fé islâmica, sendo um objeto com a aparência da palma da mão com cinco dedos estendidos, usado popularmente não só como um amuleto contra o mau olhado, mas também para afastar as energias negativas e trazer felicidade, sorte e fortuna.


Qual o significado da “Hamsa” para os judeus?
O Hamsa é um símbolo utilizado mais pela comunidade sefaradi, muito ligada com a parte mística e com “supostos sábios cabalistas“.
Devido ao forte misticismo ligado a ela, em sua representação com uma mão estilizada, seus cinco dedos representa os cinco níveis da alma, o órgão/canal através do qual uma pessoa abençoa outra, simbolizando portanto bênçãos e proteção.
Este também é o motivo pelo qual se vê muitas placas de automóveis escolhidos com os números “5”, onde presume-se que pertençam a sefaradim.
Ou seja, trata-se de uma “mandinga“,  uma “simpatia“.
Há também hamsás com forma de pombas semelhantes a uma mão.
Ela pode aparecer também como uma mão normal, com um polegar distinto do mindinho.
Frequentemente, possui o desenho de olhos, com pombos,peixes e estrelas de 6 pontas para fortalecer o seu simbolismo.
Em certas hamsás existem inscrições em hebraico, como a Shemá Israel.
A hamsá é usada como “amuleto” contra o mau-olhado.
É muito popular no Oriente Médio, especialmente no Egito.
A mão pode ser encontrada em diversas formas, desde joias até azulejos e chaveiros.
Pode ser encontrada em dois formatos:
Uma mão estilizada com um “dedão” de cada lado ou seguindo o formato de uma  normal.
A Hamsa traz um olho em seu centro, indicando proteção contra mau olhado.
O uso do olho no centro da mão é um amuleto antigo, mas ainda muito popular na proteção contra o mau olhado, na crendice de muitas religiões.
Combinando o olho que tudo vê grego e turco com a Hamsa árabe e judaica, é frequentemente encontrado na Índia e na região sul do Mediterrâneo.
Por serem grandes e frágeis, são usados como objetos de decoração, pendurados na parede para proteção, de preferência perto de uma porta ou do berço do bebê.
O olho na mão também aparece com conteúdo simbólico ambíguo entre os pequenos artefatos associados a culturas antigas que poderiam ou não acreditar em mau olhado, como as tribos do Mississípi, nos Estados Unidos.
Alguns arqueólogos especulam a possibilidade de a presença do olho na mão na América do Norte ser uma evidência de exploração pré-colombiana ou a colonização por marinheiros do Oriente Médio.
Outros acreditam que essa presença não passa de uma intrigante coincidência – e apenas isso
Embora o Alcorão vete o uso de amuletos, a hamsá é facilmente encontrada entre seguidores do Islã.
Os muçulmanos a associam aos cinco pilares do Islã, e também a chamam de mão de Fátima, sendo Fátima a filha preferida de Maomé.
Notadamente, a hamsá aparece, junto com outros símbolos islâmicos, o emblema da Algéria.
A hamsá também é popular entre os judeus, especialmente os sefarditas.
Os judeus inscrevem textos em hebraico, como a Shemá Israel, nas chamsás e também as chamam de mão de Miriam.
Miriam, no caso, foi a irmã de Moisés e Aarão.
O símbolo também é associado ao Torá, que é composto de cinco livros.

História

Existem evidências arqueológicas do uso da hamsá como um escudo contra o mau-olhado já antes do Judaísmo e do Islã.
Há indícios de que a hamsá seria um símbolo fenício, associado a Tanit, deusa-chefe de Cartago cuja mão ou vulva afastava o mal.
Posteriormente, o símbolo foi adotado pela cultura árabe, que o passou para os judeus.
A chamsa também aparece no Budismo; é chamada de Abhaya Mudra e possui conotação semelhante à descrita, significando a dissipação do medo.
Atualmente, defensores da paz no Oriente Médio têm usado a chamsá.
O símbolo lembraria as raízes comuns do judaísmo e do islamismo.
Nesse caso, não seria mais um talismã contra o mau-olhado, mas um símbolo de esperança de paz na conturbada região.
Hamsa… um amuleto idólatra.
O Hamsa ou Khamsa, cinco em árabe, é um amuleto de origem púnica, associada à deusa Tanit, que foi usado e ainda é usado no Norte da África e se espalhou pelo Mediterrâneo contra o mau-olhado, proteção contra doença e para afastar a má sorte.
Tanit (em fenício e púnico: ´TNT), Tinnit, Tennit ou Tannou era uma deusa púnica e fenícia e a principal divindade de Cartago juntamente com o seu consorte Baʿal Hammon.
O nome parece ser originário de Cartago, apesar de não aparecer nos nomes teóforos locais.
Era equivalente à deusa-lua Astarte e foi posteriormente venerada na Cartago romana na sua forma romanizada como Dea Caelestis, Juno Caelestis ou simplesmente Caelestis.
Na Tunísia atual é costume invocar “Oumek Tannou” (Mãe Tannou) nos anos de seca para trazer chuva; tal como se fala de agricultura “Baali” quando se trata de agricultura não irrigada, ou seja, que depende apenas do deus Baʿal Hammon e não da sua consorte.

Culto idólatra

Tanit foi adorada em contextos púnicos no Mediterrâneo Ocidental, de Malta a Gades (sul da península Ibérica), até ao período helenístico.
A partir do século V a.C., o culto de Tanit está associado ao de Baʿal Hammon.
É-lhe dado o epíteto de pene baal (“face de Baal“) e o título rabat, a forma feminina de rab (“chefe”).
No Norte de África, onde as inscrições e materiais são mais abundantes, ela era, além de consorte de Baal Hammon, uma deusa celestial da guerra, uma deusa-mãe virginal (não casada), enfermeira e, menos especificamente, um símbolo de fertilidade, como são a maior parte das formas femininas.
Várias deusas gregas importantes foram identificadas com Tanit pela sincrética interpretatio graeca, que reconhecia como divindades gregas em formas estrangeiras os deuses da maior parte das culturas não helênicas vizinhas.
 
O santuário de Tanit escavado em Sarepta, na Fenícia meridional, revelou uma inscrição que a identificou pela primeira vez na sua terra natal e a relacionou com segurança com a deusa fenícia Astarte (Ishtar).
Um dos locais onde Tanit foi descoberta foi Kerkuane, na península de cabo Bon, na Tunísia.

Sacrifícios de crianças

Moeda púnica cunhada em 215–205 aP.C. com a figura de Tanit
Moeda púnica cunhada em 215–205 aP.C. com a figura de Tanit
Estátua de Tanit com cabeça de leão; Museu Nacional do Bardo, Tunes
As origens de Tanit encontram-se no panteão de Ugarit, especialmente a deusa ugarítica Anat (Hvidberg-Hansen 1982), uma consumidora de sangue e carne. Há evidências significativas, embora disputadas, tanto arqueológicas como em certas fontes escritas, que apontam para sacrifícios de crianças como parte do culto de Tanit e Baal Hammon.
O sacrifício de crianças no culto de Tanit foi confirmado por achados arqueológicos no Tofete de Cartago e, segundo o cronista cristão norte-africano Tertuliano, ocorreu abertamente até ao reinado do imperador Tibério (r. 14–37 d.C.).[10][nt 4]
Outros usos
Tanit ainda continuou a ser venerada no Norte de África muito depois da queda de Cartago, sob o nome latino de Juno Caelestis, sendo identificada com a deusa romana Juno.[11]
Os antigos berberes do Norte de África também adotaram o culto púnico de Tanit.[12]
Em egípcio, o nome de Tanit significa “Terra de Neith” (Neith é uma deusa da guerra).
O seu símbolo, encontrado em muitos relevos em pedra, tem a aparência de um trapézio fechado por uma linha horizontal no topo e encimado no meio por um círculo: o braço horizontal é usualmente terminado por ganchos ou por duas linhas verticais curtas nos ângulos direitos.
Mais tarde, o trapézio é frequentemente substituído por um triângulo isósceles.
O símbolo é interpretado por Hvidberg-Hansen como uma mulher com as mãos erguidas.
Este académico dinamarquês de filologia semiótica nota que Tanit é por vezes representada com uma cabeça de leão, mostrando a sua qualidade guerreira.[13]
A hamsá, ou mão de Fátima, um talismã contra o mau-olhado comum no Norte de África e Médio Oriente, é tradicionalmente identificado como um símbolo de Tanit que foi assimilado pelo Islão tradicional como simbolizando a mão de Fátima, a filha dileta de Maomé.[14]
Essa identificação é, contudo, contestada por alguns académicos.[15]
Referências culturais
No romance histórico Salammbô, publicado em 1862 por Gustave Flaubert, a personagem que dá nome à obra é uma sacerdotisa de Tanit. Mâtho, a personagem masculina principal, um mercenário líbio rebelde em guerra com Cartago, entra no templo da deusa e rouba seu véu.[16]
Notas
Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Tanit», especificamente desta versão.
↑ «At Carthage the great goddess is called Tinnit (formerly read Tanit) […] It would seem that Tinnit is the specific Carthaginian form of Astarte, but strangely enough there are no theophorous names containing the element Tinnit, while there are a few with Astarte. The name seems to have originated in Carthage […]»
Tradução: “Em Cartago a grande deusa é chamada Tinnit (antes lida Tanit) […]
Seria de esperar que Tinnit fosse a forma cartaginesa específica de Astarte, mas estranhamente não há nomes teóforos que contenham o elemento Tinit, enquanto que há alguns com Astarte. O nome parece ter sido originado em Cartago […]”[4]
↑ «Ali, Juno Caelestis (ou simplesmente Caelestis, destinada a veneração considerável fora de África) é Tanit (Tinnit), a companheira feminina de Baal Hammon.»[5]
↑ Na inscrição lê-se TNT TTRT e pode identificar Tanit como um epíteto de Astarte em Sarepta, pois o elemento TNT não aparece em nomes tofóricos em contextos púnicos.[8]
↑ «Acima de tudo, a deusa lunar púnica Tanit não cessou de ser venerada na Cartago romana na sua forma romanizada como Dea Caelestis. O sacrifício de crianças associado a este culto foi levado a cabo ‘abertamente’, segundo o africano, cristão […]»[10]
Referências
↑ Miles 2012, p. 68.
↑ Hvidberg-Hansen 1982.
↑ Ahlström 1986.
↑ a b Bleeker & Widengren 1988, p. 209
↑ a b Momigliano 1987, p. 240.
↑ Markoe 2000, p. 130.
↑ Pritchard 1978.
↑ Ahlström 1986, p. 314.
↑ Markoe 2000, p. 136.
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↑ Tate 2005, p. 137.
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Commons
O Commons possui imagens e outras mídias sobre Hamsá
Hand of Fatima Meaning – Necklace of Hand of Miriam Handcrafted Jewelry (em inglês)
The Hamsa Hand (em inglês) Artigo no The ‘Lucky W’ Amulet Archive, com imagens
Mito de Osíris
Genocídio em Bangladesh em 1971
Jevdet Bei

A Serpente na visão judaica


Serpente

A palavra “serpente” em hebraico é muito semelhante a palavra “consciência“.
A palavra Nachash significa Serpente.
Como substantivo, nachash ou naḥashque no hebraico é נחש um termo hebraico mais genérico e usual para “serpente”.
Esse termo foi usado para indicar forma, foi também para referenciar não apenas a serpente no Éden mas também outros personagens da historia registrados na Torá.
O mais importante foi um rei dos amonitas cujas ameaças aos hebreus os teriam levado a instituir a monarquia e unificar suas forças militares sob o comando de Saul.
A palavra também se aplica, em especial, à serpente do Jardim do Éden, e o nome em hebraico é usado por intérpretes fundamentalistas e heterodoxos que insistem em que ela não era realmente uma serpente no sentido normal da palavra.
A interpretação mais comum e popular entre judeus tradicionalistas e outros estudiosos fundamentalistas é que a serpente do Jardim do Éden era na verdade um animal com pernas, mas estas lhe foram tiradas como punição por sua participação na Queda.
A existência de alguns animais podem apontar alguma resposta.
Temos varios animais interessantes…
A víbora-tapete (Echis coloratus), a provável “serpente de fogo”.
A víbora-da-palestina (Vipera xanthina), outra serpente familiar aos antigos hebreus.
O substantivo parece derivar do verbo nachash (idêntica grafia, mas diferente pronúncia), que significa propriamente “sibilar”, “sussurrar” (caracteriza as serpentes pelo silvo de advertência que produzem quando se sentem ameaçadas) mas tomou também tomou o significado de “adivinhar”, “vaticinar” (como uma pitonisa ou feiticeiro em transe, que fala em tom sussurrante), “encantar” ou “enfeitiçar” e, por uma extensão ainda maior, de “observar”, “aprender pela experiência”.
A forma substantivada do verbo (uma terceira pronúncia, ainda com a mesma grafia) significa “augúrio” ou “encantamento”.
O particípio passado nachuwsh ou nchosheth (masculino) ou nchuwshah (feminino), distinto na grafia, tem o significado de “cobre”, “acobreado” ou “duro como cobre” e o derivado nchushtan, de “feito de cobre”.
A razão da derivação não é clara neste caso: pode estar relacionada à cor acobreada da víbora-tapete, Echis coloratus, serpente de 30 cm a 60 cm (máximo 80 cm), que vive entre as rochas do deserto e era particularmente temida pelos povos da Palestina.
Sugeriu-se também relação com o uso de cobre em instrumentos musicais.
Em aramaico, a palavra equivalente é nchash, cuja grafia não se distingue de nachash, mas no Tanack essa palavra é citada apenas no livro de Daniel.
Algumas traduções da Bíblia vertem esse termo como “latão”, mas os hebreus designavam pela mesma palavra o cobre, bronze e latão e este último foi o significado menos comum, pois essa liga não era produzida deliberadamente antes dos tempos romanos.
Dentro do Tanach o termo nachash é usado dezenas de vezes para designar todo tipo de serpentes, reais ou míticas.
É usado em Bereshit(Gên), em relação à serpente que convence Chava a provar o fruto proibido.
A Torá não costuma fazer animais falarem. A único outra exceção é a jumenta de Balaão, mas esta fala por milagre de Shehmaa, o que não é o caso da serpente do jardim do Éden.
Além disso, a narrativa dá a entender que a serpente foi condenada a se arrastar no chão depois desse episódio, o que pode dar a entender que, antes, ela possuía pernas.
A explicação pode é de que o animal realmente existiu e foi assim castigado, ou que esse castigo tenha sido na verdade algo com outro significado, como não poder mais se sustentar e viver na dependência de outros ou algum outro significado que hoje se tem dificuldade em racionalizar.
Ao longo dos séculos, porém, muitas leituras literalistas concluíram que a nachash do Jardim do Éden não era uma serpente no sentido usual da palavra, ou mesmo uma entidade completamente diferente.
A arte cristã alimentou fortemente a ideia de que Nachash seria um monstro feminino
Na arte cristã da Baixa Idade Média e Renascença, era comum representar a serpente do Éden como uma cobra, lagarto ou dragão com cabeça de mulher.
Era uma manifestação da desconfiança e dessprezo exacerbados dessa era em relação à mulher comum, principalmente as mulheres velhas e feias, que surge em contrapartida à adoração da Virgem Maria ou da idealizada Dama do amor cortês.
É também o período de auge da Caça às Bruxas nos países católicos e a serpente feminina pode facilmente ser associada à idéia da bruxa como destruidora da felicidade de casais inocentes.
Essa representação apóia-se também na tradição misógina que culpa exclusivamente Hava pela Queda do Homem e parece estar refletida também na etimologia.
Chava (Eva) em hebraico se escreve חַוָּה, cuja pronúncia é Chawwāh, significa “que dá vida“, segundo a etimologia tradicional, mas alguns derivam esse nome – que ela só recebeu depois da maldição – de uma raiz semítica cognata ao aramaico chawya’, “serpente” (com a conotação de “enroscada“, “enrolada“), que tem cognatos em outras línguas semitas (embora não exista com esse significado em hebraico bíblico).
A deusa ugarítica do submundo era chamada Chwt e pode ter sido uma deusa-serpente; há quem acredite que Eva foi originalmente essa deusa, ou outra similar.
Um comentário rabínico tradicional apóia-se no trocadilho em aramaico:
– “a serpente (chawya’) foi a serpente de Eva (chawwāh) e Eva foi a serpente de Adam” – daí, possivelmente, a tendência a representar a serpente não só com cabeça de mulher, mas com rosto e expressão muito semelhantes aos de Eva.
Fundamentados no misticismo judaico, a serpente do Éden chega a ser associada com um personagem babilônico… Lilith.
Quando recusou se submeter a Adam, Lilith fugiu voando sobre o mar para nunca mais voltar, lançando ameaças às crianças que viessem a nascer.
A imagem geralmente associada a Lilith e suas cognatas no Oriente Médio é a de uma coruja.
Na tradução da Bíblia hebraica para o latim, a Vulgata, canônica para a Igreja Católica, Jerônimo de Strídon verteu “Lilith“, em sua única aparição no Antigo Testamento (livro de Isaías), como Lâmia, nome de uma entidade mítica igualmente vampiresca, mas imaginada na Antiguidade clássica como uma mulher-serpente.
Mesmo assim, parece ter sido só no século XIX que alguns escritores e artistas associaram Lilith à imagem de uma serpente.

A serpente… Nachash seria Lúcifer?

Outra interpretação comum é que Nachash seria na verdade Lúcifer, o líder dos anjos caídos, talvez disfarçado de serpente ou possuindo uma serpente de acordo com a mitologia babilônica-judaica que por sua vez influenciou o cristianismo.
A associação de idéias apóia-se na associação de uma palavra cognata de nachash com cobre ou latão e daí com “brilhante“, forçando a aproximação com “Lúcifer“, “portador de luz“.
Entretanto a palavra “Lúcifer” no Tanack é um termo incorreto pois o nome (היללHêlēl, “estrela da manhã“) é usado apenas em Isaías, como referência metafórica ao rei de Babilônia.
A identificação de Nachash com Lúciferou HaSatã foi, porém, reforçada pela descrição de Satã como “a antiga serpente” (ton ophin ton archaion) la literatura cristã, no livro de Apocalipse.

Nachash como amante de Eva

Uma terceira interpretação, conhecida como “semente da serpente” e sustentada por cabalistas, algumas igrejas e movimentos evangélicos minoritários (Branhamismo, Batistas Predestinários Duas-Sementes-no-Espírito e Movimento de Identidade Cristã, entre outros) e também pelo movimento ocultista e proto-nazista fundado por Adolf Joseph Lanz (ou Jörg Lanz von Liebenfels, seu pseudônimo), conhecido como “Teozoologia”, “Ário-Cristianismo” ou “Ariosofia” (leia mais em Anthropozoa), é que nachash era uma entidade masculina humanoide, mas sem alma, com a qual Eva cometeu adultério.
Este teria sido o verdadeiro “pecado original” e a Queda do Homem seria uma degeneração genética que disso resultou.
Segundo uma interpretação cabalista, o Eterno criou dois “primeiros homens“.
O primeiro, sem alma, seria Nachash e teria Lilith por esposa; o segundo, com alma, seria o Adam o propriamente dito, com Chava como companheira.
Chava teve relações com Nachash e depois com Adam; daí teriam nascido Caim, mais semelhante a Nachash e Abel, mais semelhante a Adam, mas nenhum dos dois totalmente “puro“, ao contrário de Seth, nascido mais tarde, ao qual foram transmitidos os segredos da Cabala.
Lanz chamou Nachash de Lindworm(uma variedade de dragão), palavra usada na tradução da Bíblia para a língua gótica, no século IV.
Os evangélicos que aderem a essa concepção, na maioria seguidores de Daniel Parker (1781-1844) e William M. Branham (1909-1967), tendem a imaginar nachash como um homem-macaco, que só depois do pecado original foi punido com a transformação em serpente Dessa relação, teria nascido Caim, ao passo que Abel teria nascido de Adam.
O Eterno teria criado dois “Adam’s“, um com alma – o Adam tradicional – e outro sem alma, Nachash, planejado, segundo algumas versões dessa interpretação, apenas para o trabalho manual.
Várias das correntes que sustentam essa crença (principalmente a de Lanz, mas também algumas das evangélicas) lhe dão conotações racistas, identificando os descendentes de Caim com os africanos negros ou outras “raças” tidas como inferiores.
Vejamos agora outros termos hebraicos relacionados a “serpente
Pethen – freqüentemente traduzido como “áspide” ou “víbora”, mas provavelmente se refere à naja do deserto, Naja haje.
tsepha’ , tsiph’ – freqüentemente traduzido como “basilisco”, “cocatriz” ou “víbora”.
A palavra significa “expelir”, “salientar”, em relação à língua da cobra.
Provavelmente se refere à víbora da Palestina, Vipera xanthina.
Eph’eh – termo cognato do árabe af’a, víbora, também com o sentido de sibilar, mas associado em Isaías ao Egito.
Shphiyphon – termo relacionado a shuwph, “bocejar”, “abocanhar”; provavelmente refere-se à víbora chifruda do deserto, Cerastes cerastes.
akshub – freqüentemente traduzido como “áspide” ou “víbora”, mas provavelmente refere-se a uma aranha venenosa, talvez a tarântula.
Zochale ‘aphar – termo também genérico para serpentes, que se refere a elas como “que se arrastam sobre a terra”.
Tanniyn – refere-se ao animal no qual Moisés transformou seu bastão para demonstrar o poder de Shehmaa ao faraó. Já foi traduzido como “serpente”, “dragão” e “monstro”.
A tradução Israelita Samaritana traz crocodilo.
É uma forma intensiva de tannim, que tem a conotação de “alongado” e em outras partes do Antigo Testamento significa “chacais”.
Qippoz – já foi traduzido como “ouriço”, “coruja”, ou “serpente” (em inglês, arrow-snake ou dart-snake), mas provavelmente refere-se a uma espécie de garça, o garçote (Ixobrychus minutus) ou o abetouro (Botaurus stellaris).
Saraph ou nachash saraph, literalmente “serpente de fogo”, provavelmente a Echis coloratus, pela picada que “queima”, mas a palavra também é aplicada a uma classe de anjos, os serafins.
Saraph me’opheph – costuma ser traduzido como “serpente voadora” (o anfíptero dos bestiários medievais).
Literalmente, significa “ardente voador” e provavelmente se refere a uma versão mítica do lagarto voador (Draco volans) do Sudesta Asiático.
Nachash bariyach – “serpente relâmpago”, epíteto do monstro Leviatã.
Nachash `aqallathown – “serpente tortuosa”, epíteto do monstro Leviatã.
Referências
1- Strong’s Hebrew Dictionary
2- Copper, Bronze, and Brass
3- Richard C. Steiner, “Addendum to “Proto-Canaanite Serpent Spells in the Pyramid Texts””
4- Rev. Richard Gan, The Serpent Seed: The Original Sin
5- Reb Yakov Leib HaKohain, “Kabbalistic Genetics of the Holy Seed & Reclaiming the Lost Sheep of the House of Israel”
6- Jörg Lanz von Liebensfeld, Theozoology