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sexta-feira, 12 de julho de 2019

Hamsá, a Idolatria disfarçada

Hamsá, a idolatria disfarçada

O sincretismo judaico-islâmico.

Islamismo

Ela é um artefato místico, uma representação da mão de Fatima bint Muhammad, filha de Muhammad (Maomé) profeta islã.
Facilmente associada aos cinco mandamentos fundamentais que todo muçulmano precisa cumprir os chamados “cinco pilares do islã”:
  1. jejuar
  2. Observar as obrigações no mês do Ramadã
  3. Fazer a peregrinação a Meca
  4. Orar 5 vezes ao longo do dia diariamente
  5. Fazer caridade e professar e aceitar o credo.

Judaísmo

Também conhecida entre os judeus como “mão de Miriam”, Miriam fora a irmã de Moisés e Arão.
Seu uso como um amuleto de proteção é muito comum.
Seja pendurada no pescoço, ao lado da porta da casa, no automóvel como meio de prevenção contra acidentes, ou na carteira para servir contra o mau-olhadoque possa afligir as finanças da pessoa, tal qual utilizam  também a estrela maguem david, a mezuza e o tefilim .

Budismo

É chamada de Abhaya Mudra e possui significado de dissipação do medo.
O destemor é uma das principais virtudes, é o fruto da perfeita auto-realização, significa o redescobrimento da não-dualidade.
Existem provas arqueológicas que mostram o símbolo da Hamsá utilizado como um escudo contra o mau-olhado já muito antes do surgimento do judaísmo ou do islã.
Atualmente os defensores da paz no Oriente Médio têm usado como símbolo para lembrar as raízes comuns do judaísmo e do islamismo buscando, nesse caso, um símbolo de paz e esperança
Uma Hamsá em forma de amuleto com um olho no meio.
hamsá em árabe خمسة, chamsa – significa literalmente “cinco”, referindo-se aos cinco dedos da mão.
Este símbolo sinteticamente adotado pela fé judaica é também adotado pela fé islâmica, sendo um objeto com a aparência da palma da mão com cinco dedos estendidos, usado popularmente não só como um amuleto contra o mau olhado, mas também para afastar as energias negativas e trazer felicidade, sorte e fortuna.


Qual o significado da “Hamsa” para os judeus?
O Hamsa é um símbolo utilizado mais pela comunidade sefaradi, muito ligada com a parte mística e com “supostos sábios cabalistas“.
Devido ao forte misticismo ligado a ela, em sua representação com uma mão estilizada, seus cinco dedos representa os cinco níveis da alma, o órgão/canal através do qual uma pessoa abençoa outra, simbolizando portanto bênçãos e proteção.
Este também é o motivo pelo qual se vê muitas placas de automóveis escolhidos com os números “5”, onde presume-se que pertençam a sefaradim.
Ou seja, trata-se de uma “mandinga“,  uma “simpatia“.
Há também hamsás com forma de pombas semelhantes a uma mão.
Ela pode aparecer também como uma mão normal, com um polegar distinto do mindinho.
Frequentemente, possui o desenho de olhos, com pombos,peixes e estrelas de 6 pontas para fortalecer o seu simbolismo.
Em certas hamsás existem inscrições em hebraico, como a Shemá Israel.
A hamsá é usada como “amuleto” contra o mau-olhado.
É muito popular no Oriente Médio, especialmente no Egito.
A mão pode ser encontrada em diversas formas, desde joias até azulejos e chaveiros.
Pode ser encontrada em dois formatos:
Uma mão estilizada com um “dedão” de cada lado ou seguindo o formato de uma  normal.
A Hamsa traz um olho em seu centro, indicando proteção contra mau olhado.
O uso do olho no centro da mão é um amuleto antigo, mas ainda muito popular na proteção contra o mau olhado, na crendice de muitas religiões.
Combinando o olho que tudo vê grego e turco com a Hamsa árabe e judaica, é frequentemente encontrado na Índia e na região sul do Mediterrâneo.
Por serem grandes e frágeis, são usados como objetos de decoração, pendurados na parede para proteção, de preferência perto de uma porta ou do berço do bebê.
O olho na mão também aparece com conteúdo simbólico ambíguo entre os pequenos artefatos associados a culturas antigas que poderiam ou não acreditar em mau olhado, como as tribos do Mississípi, nos Estados Unidos.
Alguns arqueólogos especulam a possibilidade de a presença do olho na mão na América do Norte ser uma evidência de exploração pré-colombiana ou a colonização por marinheiros do Oriente Médio.
Outros acreditam que essa presença não passa de uma intrigante coincidência – e apenas isso
Embora o Alcorão vete o uso de amuletos, a hamsá é facilmente encontrada entre seguidores do Islã.
Os muçulmanos a associam aos cinco pilares do Islã, e também a chamam de mão de Fátima, sendo Fátima a filha preferida de Maomé.
Notadamente, a hamsá aparece, junto com outros símbolos islâmicos, o emblema da Algéria.
A hamsá também é popular entre os judeus, especialmente os sefarditas.
Os judeus inscrevem textos em hebraico, como a Shemá Israel, nas chamsás e também as chamam de mão de Miriam.
Miriam, no caso, foi a irmã de Moisés e Aarão.
O símbolo também é associado ao Torá, que é composto de cinco livros.

História

Existem evidências arqueológicas do uso da hamsá como um escudo contra o mau-olhado já antes do Judaísmo e do Islã.
Há indícios de que a hamsá seria um símbolo fenício, associado a Tanit, deusa-chefe de Cartago cuja mão ou vulva afastava o mal.
Posteriormente, o símbolo foi adotado pela cultura árabe, que o passou para os judeus.
A chamsa também aparece no Budismo; é chamada de Abhaya Mudra e possui conotação semelhante à descrita, significando a dissipação do medo.
Atualmente, defensores da paz no Oriente Médio têm usado a chamsá.
O símbolo lembraria as raízes comuns do judaísmo e do islamismo.
Nesse caso, não seria mais um talismã contra o mau-olhado, mas um símbolo de esperança de paz na conturbada região.
Hamsa… um amuleto idólatra.
O Hamsa ou Khamsa, cinco em árabe, é um amuleto de origem púnica, associada à deusa Tanit, que foi usado e ainda é usado no Norte da África e se espalhou pelo Mediterrâneo contra o mau-olhado, proteção contra doença e para afastar a má sorte.
Tanit (em fenício e púnico: ´TNT), Tinnit, Tennit ou Tannou era uma deusa púnica e fenícia e a principal divindade de Cartago juntamente com o seu consorte Baʿal Hammon.
O nome parece ser originário de Cartago, apesar de não aparecer nos nomes teóforos locais.
Era equivalente à deusa-lua Astarte e foi posteriormente venerada na Cartago romana na sua forma romanizada como Dea Caelestis, Juno Caelestis ou simplesmente Caelestis.
Na Tunísia atual é costume invocar “Oumek Tannou” (Mãe Tannou) nos anos de seca para trazer chuva; tal como se fala de agricultura “Baali” quando se trata de agricultura não irrigada, ou seja, que depende apenas do deus Baʿal Hammon e não da sua consorte.

Culto idólatra

Tanit foi adorada em contextos púnicos no Mediterrâneo Ocidental, de Malta a Gades (sul da península Ibérica), até ao período helenístico.
A partir do século V a.C., o culto de Tanit está associado ao de Baʿal Hammon.
É-lhe dado o epíteto de pene baal (“face de Baal“) e o título rabat, a forma feminina de rab (“chefe”).
No Norte de África, onde as inscrições e materiais são mais abundantes, ela era, além de consorte de Baal Hammon, uma deusa celestial da guerra, uma deusa-mãe virginal (não casada), enfermeira e, menos especificamente, um símbolo de fertilidade, como são a maior parte das formas femininas.
Várias deusas gregas importantes foram identificadas com Tanit pela sincrética interpretatio graeca, que reconhecia como divindades gregas em formas estrangeiras os deuses da maior parte das culturas não helênicas vizinhas.
 
O santuário de Tanit escavado em Sarepta, na Fenícia meridional, revelou uma inscrição que a identificou pela primeira vez na sua terra natal e a relacionou com segurança com a deusa fenícia Astarte (Ishtar).
Um dos locais onde Tanit foi descoberta foi Kerkuane, na península de cabo Bon, na Tunísia.

Sacrifícios de crianças

Moeda púnica cunhada em 215–205 aP.C. com a figura de Tanit
Moeda púnica cunhada em 215–205 aP.C. com a figura de Tanit
Estátua de Tanit com cabeça de leão; Museu Nacional do Bardo, Tunes
As origens de Tanit encontram-se no panteão de Ugarit, especialmente a deusa ugarítica Anat (Hvidberg-Hansen 1982), uma consumidora de sangue e carne. Há evidências significativas, embora disputadas, tanto arqueológicas como em certas fontes escritas, que apontam para sacrifícios de crianças como parte do culto de Tanit e Baal Hammon.
O sacrifício de crianças no culto de Tanit foi confirmado por achados arqueológicos no Tofete de Cartago e, segundo o cronista cristão norte-africano Tertuliano, ocorreu abertamente até ao reinado do imperador Tibério (r. 14–37 d.C.).[10][nt 4]
Outros usos
Tanit ainda continuou a ser venerada no Norte de África muito depois da queda de Cartago, sob o nome latino de Juno Caelestis, sendo identificada com a deusa romana Juno.[11]
Os antigos berberes do Norte de África também adotaram o culto púnico de Tanit.[12]
Em egípcio, o nome de Tanit significa “Terra de Neith” (Neith é uma deusa da guerra).
O seu símbolo, encontrado em muitos relevos em pedra, tem a aparência de um trapézio fechado por uma linha horizontal no topo e encimado no meio por um círculo: o braço horizontal é usualmente terminado por ganchos ou por duas linhas verticais curtas nos ângulos direitos.
Mais tarde, o trapézio é frequentemente substituído por um triângulo isósceles.
O símbolo é interpretado por Hvidberg-Hansen como uma mulher com as mãos erguidas.
Este académico dinamarquês de filologia semiótica nota que Tanit é por vezes representada com uma cabeça de leão, mostrando a sua qualidade guerreira.[13]
A hamsá, ou mão de Fátima, um talismã contra o mau-olhado comum no Norte de África e Médio Oriente, é tradicionalmente identificado como um símbolo de Tanit que foi assimilado pelo Islão tradicional como simbolizando a mão de Fátima, a filha dileta de Maomé.[14]
Essa identificação é, contudo, contestada por alguns académicos.[15]
Referências culturais
No romance histórico Salammbô, publicado em 1862 por Gustave Flaubert, a personagem que dá nome à obra é uma sacerdotisa de Tanit. Mâtho, a personagem masculina principal, um mercenário líbio rebelde em guerra com Cartago, entra no templo da deusa e rouba seu véu.[16]
Notas
Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Tanit», especificamente desta versão.
↑ «At Carthage the great goddess is called Tinnit (formerly read Tanit) […] It would seem that Tinnit is the specific Carthaginian form of Astarte, but strangely enough there are no theophorous names containing the element Tinnit, while there are a few with Astarte. The name seems to have originated in Carthage […]»
Tradução: “Em Cartago a grande deusa é chamada Tinnit (antes lida Tanit) […]
Seria de esperar que Tinnit fosse a forma cartaginesa específica de Astarte, mas estranhamente não há nomes teóforos que contenham o elemento Tinit, enquanto que há alguns com Astarte. O nome parece ter sido originado em Cartago […]”[4]
↑ «Ali, Juno Caelestis (ou simplesmente Caelestis, destinada a veneração considerável fora de África) é Tanit (Tinnit), a companheira feminina de Baal Hammon.»[5]
↑ Na inscrição lê-se TNT TTRT e pode identificar Tanit como um epíteto de Astarte em Sarepta, pois o elemento TNT não aparece em nomes tofóricos em contextos púnicos.[8]
↑ «Acima de tudo, a deusa lunar púnica Tanit não cessou de ser venerada na Cartago romana na sua forma romanizada como Dea Caelestis. O sacrifício de crianças associado a este culto foi levado a cabo ‘abertamente’, segundo o africano, cristão […]»[10]
Referências
↑ Miles 2012, p. 68.
↑ Hvidberg-Hansen 1982.
↑ Ahlström 1986.
↑ a b Bleeker & Widengren 1988, p. 209
↑ a b Momigliano 1987, p. 240.
↑ Markoe 2000, p. 130.
↑ Pritchard 1978.
↑ Ahlström 1986, p. 314.
↑ Markoe 2000, p. 136.
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↑ Tate 2005, p. 137.
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Commons
O Commons possui imagens e outras mídias sobre Hamsá
Hand of Fatima Meaning – Necklace of Hand of Miriam Handcrafted Jewelry (em inglês)
The Hamsa Hand (em inglês) Artigo no The ‘Lucky W’ Amulet Archive, com imagens
Mito de Osíris
Genocídio em Bangladesh em 1971
Jevdet Bei

A Serpente na visão judaica


Serpente

A palavra “serpente” em hebraico é muito semelhante a palavra “consciência“.
A palavra Nachash significa Serpente.
Como substantivo, nachash ou naḥashque no hebraico é נחש um termo hebraico mais genérico e usual para “serpente”.
Esse termo foi usado para indicar forma, foi também para referenciar não apenas a serpente no Éden mas também outros personagens da historia registrados na Torá.
O mais importante foi um rei dos amonitas cujas ameaças aos hebreus os teriam levado a instituir a monarquia e unificar suas forças militares sob o comando de Saul.
A palavra também se aplica, em especial, à serpente do Jardim do Éden, e o nome em hebraico é usado por intérpretes fundamentalistas e heterodoxos que insistem em que ela não era realmente uma serpente no sentido normal da palavra.
A interpretação mais comum e popular entre judeus tradicionalistas e outros estudiosos fundamentalistas é que a serpente do Jardim do Éden era na verdade um animal com pernas, mas estas lhe foram tiradas como punição por sua participação na Queda.
A existência de alguns animais podem apontar alguma resposta.
Temos varios animais interessantes…
A víbora-tapete (Echis coloratus), a provável “serpente de fogo”.
A víbora-da-palestina (Vipera xanthina), outra serpente familiar aos antigos hebreus.
O substantivo parece derivar do verbo nachash (idêntica grafia, mas diferente pronúncia), que significa propriamente “sibilar”, “sussurrar” (caracteriza as serpentes pelo silvo de advertência que produzem quando se sentem ameaçadas) mas tomou também tomou o significado de “adivinhar”, “vaticinar” (como uma pitonisa ou feiticeiro em transe, que fala em tom sussurrante), “encantar” ou “enfeitiçar” e, por uma extensão ainda maior, de “observar”, “aprender pela experiência”.
A forma substantivada do verbo (uma terceira pronúncia, ainda com a mesma grafia) significa “augúrio” ou “encantamento”.
O particípio passado nachuwsh ou nchosheth (masculino) ou nchuwshah (feminino), distinto na grafia, tem o significado de “cobre”, “acobreado” ou “duro como cobre” e o derivado nchushtan, de “feito de cobre”.
A razão da derivação não é clara neste caso: pode estar relacionada à cor acobreada da víbora-tapete, Echis coloratus, serpente de 30 cm a 60 cm (máximo 80 cm), que vive entre as rochas do deserto e era particularmente temida pelos povos da Palestina.
Sugeriu-se também relação com o uso de cobre em instrumentos musicais.
Em aramaico, a palavra equivalente é nchash, cuja grafia não se distingue de nachash, mas no Tanack essa palavra é citada apenas no livro de Daniel.
Algumas traduções da Bíblia vertem esse termo como “latão”, mas os hebreus designavam pela mesma palavra o cobre, bronze e latão e este último foi o significado menos comum, pois essa liga não era produzida deliberadamente antes dos tempos romanos.
Dentro do Tanach o termo nachash é usado dezenas de vezes para designar todo tipo de serpentes, reais ou míticas.
É usado em Bereshit(Gên), em relação à serpente que convence Chava a provar o fruto proibido.
A Torá não costuma fazer animais falarem. A único outra exceção é a jumenta de Balaão, mas esta fala por milagre de Shehmaa, o que não é o caso da serpente do jardim do Éden.
Além disso, a narrativa dá a entender que a serpente foi condenada a se arrastar no chão depois desse episódio, o que pode dar a entender que, antes, ela possuía pernas.
A explicação pode é de que o animal realmente existiu e foi assim castigado, ou que esse castigo tenha sido na verdade algo com outro significado, como não poder mais se sustentar e viver na dependência de outros ou algum outro significado que hoje se tem dificuldade em racionalizar.
Ao longo dos séculos, porém, muitas leituras literalistas concluíram que a nachash do Jardim do Éden não era uma serpente no sentido usual da palavra, ou mesmo uma entidade completamente diferente.
A arte cristã alimentou fortemente a ideia de que Nachash seria um monstro feminino
Na arte cristã da Baixa Idade Média e Renascença, era comum representar a serpente do Éden como uma cobra, lagarto ou dragão com cabeça de mulher.
Era uma manifestação da desconfiança e dessprezo exacerbados dessa era em relação à mulher comum, principalmente as mulheres velhas e feias, que surge em contrapartida à adoração da Virgem Maria ou da idealizada Dama do amor cortês.
É também o período de auge da Caça às Bruxas nos países católicos e a serpente feminina pode facilmente ser associada à idéia da bruxa como destruidora da felicidade de casais inocentes.
Essa representação apóia-se também na tradição misógina que culpa exclusivamente Hava pela Queda do Homem e parece estar refletida também na etimologia.
Chava (Eva) em hebraico se escreve חַוָּה, cuja pronúncia é Chawwāh, significa “que dá vida“, segundo a etimologia tradicional, mas alguns derivam esse nome – que ela só recebeu depois da maldição – de uma raiz semítica cognata ao aramaico chawya’, “serpente” (com a conotação de “enroscada“, “enrolada“), que tem cognatos em outras línguas semitas (embora não exista com esse significado em hebraico bíblico).
A deusa ugarítica do submundo era chamada Chwt e pode ter sido uma deusa-serpente; há quem acredite que Eva foi originalmente essa deusa, ou outra similar.
Um comentário rabínico tradicional apóia-se no trocadilho em aramaico:
– “a serpente (chawya’) foi a serpente de Eva (chawwāh) e Eva foi a serpente de Adam” – daí, possivelmente, a tendência a representar a serpente não só com cabeça de mulher, mas com rosto e expressão muito semelhantes aos de Eva.
Fundamentados no misticismo judaico, a serpente do Éden chega a ser associada com um personagem babilônico… Lilith.
Quando recusou se submeter a Adam, Lilith fugiu voando sobre o mar para nunca mais voltar, lançando ameaças às crianças que viessem a nascer.
A imagem geralmente associada a Lilith e suas cognatas no Oriente Médio é a de uma coruja.
Na tradução da Bíblia hebraica para o latim, a Vulgata, canônica para a Igreja Católica, Jerônimo de Strídon verteu “Lilith“, em sua única aparição no Antigo Testamento (livro de Isaías), como Lâmia, nome de uma entidade mítica igualmente vampiresca, mas imaginada na Antiguidade clássica como uma mulher-serpente.
Mesmo assim, parece ter sido só no século XIX que alguns escritores e artistas associaram Lilith à imagem de uma serpente.

A serpente… Nachash seria Lúcifer?

Outra interpretação comum é que Nachash seria na verdade Lúcifer, o líder dos anjos caídos, talvez disfarçado de serpente ou possuindo uma serpente de acordo com a mitologia babilônica-judaica que por sua vez influenciou o cristianismo.
A associação de idéias apóia-se na associação de uma palavra cognata de nachash com cobre ou latão e daí com “brilhante“, forçando a aproximação com “Lúcifer“, “portador de luz“.
Entretanto a palavra “Lúcifer” no Tanack é um termo incorreto pois o nome (היללHêlēl, “estrela da manhã“) é usado apenas em Isaías, como referência metafórica ao rei de Babilônia.
A identificação de Nachash com Lúciferou HaSatã foi, porém, reforçada pela descrição de Satã como “a antiga serpente” (ton ophin ton archaion) la literatura cristã, no livro de Apocalipse.

Nachash como amante de Eva

Uma terceira interpretação, conhecida como “semente da serpente” e sustentada por cabalistas, algumas igrejas e movimentos evangélicos minoritários (Branhamismo, Batistas Predestinários Duas-Sementes-no-Espírito e Movimento de Identidade Cristã, entre outros) e também pelo movimento ocultista e proto-nazista fundado por Adolf Joseph Lanz (ou Jörg Lanz von Liebenfels, seu pseudônimo), conhecido como “Teozoologia”, “Ário-Cristianismo” ou “Ariosofia” (leia mais em Anthropozoa), é que nachash era uma entidade masculina humanoide, mas sem alma, com a qual Eva cometeu adultério.
Este teria sido o verdadeiro “pecado original” e a Queda do Homem seria uma degeneração genética que disso resultou.
Segundo uma interpretação cabalista, o Eterno criou dois “primeiros homens“.
O primeiro, sem alma, seria Nachash e teria Lilith por esposa; o segundo, com alma, seria o Adam o propriamente dito, com Chava como companheira.
Chava teve relações com Nachash e depois com Adam; daí teriam nascido Caim, mais semelhante a Nachash e Abel, mais semelhante a Adam, mas nenhum dos dois totalmente “puro“, ao contrário de Seth, nascido mais tarde, ao qual foram transmitidos os segredos da Cabala.
Lanz chamou Nachash de Lindworm(uma variedade de dragão), palavra usada na tradução da Bíblia para a língua gótica, no século IV.
Os evangélicos que aderem a essa concepção, na maioria seguidores de Daniel Parker (1781-1844) e William M. Branham (1909-1967), tendem a imaginar nachash como um homem-macaco, que só depois do pecado original foi punido com a transformação em serpente Dessa relação, teria nascido Caim, ao passo que Abel teria nascido de Adam.
O Eterno teria criado dois “Adam’s“, um com alma – o Adam tradicional – e outro sem alma, Nachash, planejado, segundo algumas versões dessa interpretação, apenas para o trabalho manual.
Várias das correntes que sustentam essa crença (principalmente a de Lanz, mas também algumas das evangélicas) lhe dão conotações racistas, identificando os descendentes de Caim com os africanos negros ou outras “raças” tidas como inferiores.
Vejamos agora outros termos hebraicos relacionados a “serpente
Pethen – freqüentemente traduzido como “áspide” ou “víbora”, mas provavelmente se refere à naja do deserto, Naja haje.
tsepha’ , tsiph’ – freqüentemente traduzido como “basilisco”, “cocatriz” ou “víbora”.
A palavra significa “expelir”, “salientar”, em relação à língua da cobra.
Provavelmente se refere à víbora da Palestina, Vipera xanthina.
Eph’eh – termo cognato do árabe af’a, víbora, também com o sentido de sibilar, mas associado em Isaías ao Egito.
Shphiyphon – termo relacionado a shuwph, “bocejar”, “abocanhar”; provavelmente refere-se à víbora chifruda do deserto, Cerastes cerastes.
akshub – freqüentemente traduzido como “áspide” ou “víbora”, mas provavelmente refere-se a uma aranha venenosa, talvez a tarântula.
Zochale ‘aphar – termo também genérico para serpentes, que se refere a elas como “que se arrastam sobre a terra”.
Tanniyn – refere-se ao animal no qual Moisés transformou seu bastão para demonstrar o poder de Shehmaa ao faraó. Já foi traduzido como “serpente”, “dragão” e “monstro”.
A tradução Israelita Samaritana traz crocodilo.
É uma forma intensiva de tannim, que tem a conotação de “alongado” e em outras partes do Antigo Testamento significa “chacais”.
Qippoz – já foi traduzido como “ouriço”, “coruja”, ou “serpente” (em inglês, arrow-snake ou dart-snake), mas provavelmente refere-se a uma espécie de garça, o garçote (Ixobrychus minutus) ou o abetouro (Botaurus stellaris).
Saraph ou nachash saraph, literalmente “serpente de fogo”, provavelmente a Echis coloratus, pela picada que “queima”, mas a palavra também é aplicada a uma classe de anjos, os serafins.
Saraph me’opheph – costuma ser traduzido como “serpente voadora” (o anfíptero dos bestiários medievais).
Literalmente, significa “ardente voador” e provavelmente se refere a uma versão mítica do lagarto voador (Draco volans) do Sudesta Asiático.
Nachash bariyach – “serpente relâmpago”, epíteto do monstro Leviatã.
Nachash `aqallathown – “serpente tortuosa”, epíteto do monstro Leviatã.
Referências
1- Strong’s Hebrew Dictionary
2- Copper, Bronze, and Brass
3- Richard C. Steiner, “Addendum to “Proto-Canaanite Serpent Spells in the Pyramid Texts””
4- Rev. Richard Gan, The Serpent Seed: The Original Sin
5- Reb Yakov Leib HaKohain, “Kabbalistic Genetics of the Holy Seed & Reclaiming the Lost Sheep of the House of Israel”
6- Jörg Lanz von Liebensfeld, Theozoology

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O Papel do Satán no Judaismo




De fato, nem os cristãos compreendem como é que um anjo de D’us tentou e seduziu outros a desobedecer ao próprio D’us. E esta idéia é completamente contrária a tudo o que o Judaísmo ensina! Nós estudiosos das Escrituras Hebraicas, rejeitamos esta teoria de forma plena. O que é que, então, o Judaísmo explica com relação ao Satán?

Para começar, a palavra hebraica שטן “Satán” significa literalmente “Inibidor/ Evitador/ Impossibilitador”. Inibir quer dizer, tentar impedir alguém de realizar algo. Disso aprendemos que D’us foi quem criou as diversas dificuldades, obstáculos da vida; os quais temos que enfrentar neste mundo, exatemente para nos conduzir a auto-superação, e para nos levar ao progresso. Satán é o responsável por tornar as coisas difíceis, por desafiar e assim colaborar para que tenhamos a chance de vencer a nós mesmos; para passarmos no teste. Satán é um Maláh (por hora, entenderemos como Anjo) cujo propósito é especificado por D’us. 

A “tentação” existe dentro nós, por intermédio dos dois instintos que D’us mesmo criou no homem, tanto o inclinando ao bem como ao mal. O mais importante, é que somente esta habilidade de escolha absoluta torna possível que façamos o bem e o mal, com total e absoluta decisão pessoal. Temos a plena capacidade de recusar fazer o mal. Esta é a noção exata de que temos o direito que escolher tanto o bem como o mal.

A habilidade de escolher entre o bem e o mal é o que nos garante a noção de livre arbítrio. Portanto, para nos induzir a escolher o bem é que HaShem nos oferece o bem no mundo vindouro, e para que mereçamos isso, é preciso que algo nos iniba, algo que tente nos impedir e que tenhamos que superar. Satán, portanto é nossa inclinação ao mal (Ietzer Hará). E a inclinação ao mal tenta nos impedir de fazer o bem, pois HaShem tem ordenado a ela fazer exatamente isso. Porquê? Para nos garantir livre arbítrio. Para que nossa escolha pelo bem seja sempre voluntária. Cada um de nós, todos os dias luta contra seu mau instinto. Todos temos várias tentações que se manifestam durante o dia.

A habilidade de escolha entre o bem e o mal nos garante a liberdade. E assim como no exemplo de Iáacov (Jacó), temos a capacidade de vencer até mesmo os Malahím (entendamos como anjos por enquanto) se assim nos prepararmos. Porquê? Porque temos livre arbítrio. Portanto, o Talmud nos ensina que os homens são, neste sentido, mais importantes que os anjos, pois nós podemos lutar com qualquer anjo e até vencê-lo. Um anjo não pode mudar a nossa vontade.

O Satán não é – como pensam os cristãos – um anjo rebelde. Tal coisa é simplesmente impossível. Os anjos são seres de matéria elevada e sagrada porque foram criados desta forma, assim como os animais são animais porque foram criados desta maneira; os anjos estão constantemente contemplando a irradiação de HaShem por toda parte. Agora, acaso uma pessoa poderia estar no mar sem se molhar? Do mesmo modo um anjo não pode evitar a Divina Presença e por isso, não consegue deixar de ser sagrado. A santidade de toda criação, de todo o universo é contemplada de foram elevada pelos seres que são neste sentido, elevados; e por isso eles não podem parar de servir ao ETERNO, nem podem escolher não fazê-lo. Eles não possuem o livre arbítrio. Não podem contemplar outra coisa senão o ETERNO diante de si.

Além disso, seres humanos tem o mal instinto para tentá-los. Mas “anjos” não tem agentes que possam tentá-los… Afinal, quem seria o Satán do próprio Satán? Um ultra Satán? A verdade é que o Satán tem uma missão a cumprir como todo e qualquer “anjo”. E “anjos” não possuem livre arbítrio para escolher suas missões. Eles são apenas reflexos da vontade de D’us, no sistema em que foram criados para propósitos específicos.

Um homem certa vez, veio até um grande rabino, muito preocupado. Ele disse ao rabino: “Por favor, faça uma oração à Hashem para que remova minha má inclinação. Eu cometo muitos pecados e eu desejo parar!” O rabino respondeu: “Mas então, qual será o seu propósito no mundo quando você não mais tiver má inclinação? Se o seu propósito é viver para vencer sua má natureza?! Foi para isso que você foi criado! HaShem já tem  bastantes anjos nos céus! Ele não precisa de mais. Ele te criou humano, para que você progrida na senda da justiça”.

Seres humanos podem melhorar a si mesmos, e este é seu propósito no mundo. Os “anjos”, não podem melhorar nem progredir, assim como os animais não progridem moralmente. Este não é, sequer, o propósito da sua existência. Por isso, anjos são descritos como seres constantemente, “em pé diante de HaShem”. Eles não podem fazer melhor que isso, não podem se elevar nem se diminuir. Eles então são descritos como estáticos: Seres sem personalidade. É sobre isso que Ieheskél (Ezequiel) estava falando quando disse:

5 E no meio da chama algo que se assemelhava a quatro [tipos de] animais do campo; e sua aparência parecia com a de seres humanos,

 ו וְאַרְבָּעָה פָנִים, לְאֶחָת; וְאַרְבַּע כְּנָפַיִם, לְאַחַת לָהֶם

6 mas cada um tinha quatro rostos, e quatro asas,

ז וְרַגְלֵיהֶם, רֶגֶל יְשָׁרָה; וְכַף רַגְלֵיהֶם, כְּכַף רֶגֶל עֵגֶל, וְנֹצְצִים, כְּעֵין נְחֹשֶׁת קָלָל.

7 seus pés eram retos e suas plantas eram como as das patas de um bezerro, e brilhavam como a cor do cobre polido.

ח וידו (וִידֵי) אָדָם, מִתַּחַת כַּנְפֵיהֶם, עַל, אַרְבַּעַת רִבְעֵיהֶם; וּפְנֵיהֶם וְכַנְפֵיהֶם, לְאַרְבַּעְתָּם

8 Sob suas asas tinhas mãos humanas nos quatro lados,

ט חֹבְרֹת אִשָּׁה אֶל-אֲחוֹתָהּ, כַּנְפֵיהֶם: לֹא-יִסַּבּוּ בְלֶכְתָּן, אִישׁ אֶל-עֵבֶר פָּנָיו יֵלֵכוּ

9 e elas estavam unidas entre si. Quanto aos rostos, estes não se viravam quando os seres caminhavam, voltados sempre para frente.

י וּדְמוּת פְּנֵיהֶם, פְּנֵי אָדָם, וּפְנֵי אַרְיֵה אֶל-הַיָּמִין לְאַרְבַּעְתָּם, וּפְנֵי-שׁוֹר מֵהַשְּׂמֹאול לְאַרְבַּעְתָּן; וּפְנֵי-נֶשֶׁר, לְאַרְבַּעְתָּן

10 Tinham a aparência do rosto de um homem, e os quatro tinham a aparência de um leão do lado direito, de um touro do lado esquerdo, mas tinham também a cara de uma águia.

Estes seres com aparência humana e animal descreve a missão destes anjos entre os homens, exatamente como a missão dos animais; servir aos propósitos do ser racional, o ser humano. O profeta Ieshaiáhu (Isaías); quando descrevendo suas visões celestiais, disse que “Acima [para atendê-los], se postavam Sefarins…” (Ieshaiah 6:2). Ora os Serafins são os “anjos” elevados e considerados superiores. E eles são descritos como parados em pé, no nível que HaShem lhes determinou.

Seres humanos são completamente diferentes. Humanos podem melhorar-se e elevar-se. E por isso o profeta Zehariáh disse ao Sumo Sacerdote, “Assim disse o ETERNO dos Exércitos: Se andares no Meu Caminho e cumprires Meus Mandamentos, praticares justiça em Minha casa e Guardares os Meus pátios, darei a ti livre acesso entre os ["anjos"] que estão à nossa volta”. (Zehariah 3:7) .

Em outras palavras, Hashem estava dizendo que prometia ao Sacerdote a existência no mundo vindouro, em meio aos justos que lá estavam e que neste próximo mundo, eles caminharão entre os que estão à nossa volta [parados], ou seja, “anjos”. E do mesmo modo que anjos são seres perpetuamente estacionados, nós somos os que nos movemos rumo a um estágio mais elevado. E nosso propósito é especialmente, mover-nos rumo ao progresso moral e espiritual.

Como nós poderemos fazer isso? Sendo constantemente teimosos em procurar vencer nossa má inclinação. Em observar os Mandamentos de D’us. Portanto é preciso revisar os conceitos de muitos sobre o que as Escrituras Ensinam sobre o Satán. Satán não é, e nem poderia ser um anjo caído. Satan é apenas um anjo com um trabalho que para nós é desafiador. Satán não tem um reino paralelo. Satán não está competindo com D’us nem está atrapalhando a criação. Ele sequer se satisfaz quando a pessoa se deixa vencer pela má inclinação. Ele sequer decide suas próprias missões. Satán é um anjo que nos impõe desafios, ao mando de D’us; um anjo que não permite que enganemos a nós mesmos com falsa modéstia ou hipocrisia moral; um anjo que traz a punição divina ao homem; que executa a correção do Criador. Satán não tem aparência maquiavélica, nem chifres, nem pele vermelha, nem rabo, nem mora em chamas, nem mesmo se veste de terno e gravata!

Satán é uma força, impessoal, enviada para nos desafiar, uma prova, uma avaliação que temos que superar para provar nosso valor, nossa real escolha. Satán pode ser percebido por meio de um desejo impróprio dentro de você. Claro, não existem coisas criadas justamente para nos fazer errar. Nós é que escolhemos errar. A possibilidade do erro faz-nos sentir a necessidade de melhora e nos induz ao progresso para o qual fomos criados. Mas tudo depende das escolhas que fazemos. O Satan executa sua missão de se opor a nós, por meio das coisas que nós mesmos valorizamos no mundo.

Então, se uma pessoa vem ao seu encontro e lhe oferece um objeto roubado por um preço insignificante, por exemplo; esta pessoa não é o Satán e nem está sendo “usada” pelo Satan. Esta pessoa é uma que não resistiu a sua própria má inclinação, e não resistindo à oposição do Satán, e por fim decidiu fazer o mal. 

Não foi obrigada a isso, mas foi desafiada nas suas convicções morais e testada em sua fé na justiça e no bem. Se esta pessoa falhou e não passou na prova, esta pessoa que cometeu o pecado, quer cometer outro; como dizem os sábios, a recompensa de um pecado é outro pecado, e agora seria a sua vez de escolher. 

Como pecou, esta pessoa estará melhor internamente se convencer a si mesma, de que o pecado é algo normal que todos fazem. Se você tratar esta situação como normal, é reflexo da sua decisão, e a forma como tal erro se apresenta em sua mente, e conseqüentemente o resultado da sua escolha também.

Todo ser humano deve tentar vencer o mal que há em si. E muita gente tenta fazer prevalecer sua idéia para aliviar a si mesma da culpa. Ninguém quer pecar sozinho. E pode até ser que a pessoa queira cometer um crime com sua ajuda! Ou talvez a pessoa tenha a satisfação de ver que não está só no erro, ou de ver você contradizer suas convicções; o que seria uma pessoa muito perturbada; porém muito freqüente em nossa sociedade. A pessoa pode ter mil motivações ao pecado. Do mesmo modo, a figura da serpente no Éden, não se referia ao Satán; a quem os cristãos gostam de atribuir. Cobras não são diabos! São apenas cobras, répteis e nada mais. É apenas uma figuração da própria tentação humana, desenvolvida na mente do primeiro homem e da primeira mulher, motivada pela curiosidade e devaneios de ambos.

E como uma pessoa deve evitar sucumbir quando for testada pelo Satán enviado sob ordem de D’us? Vivendo uma vida de Torá, uma vida de acordo com a Lei Eterna. Isso envolve uma séria de fatores que trabalham juntos. Posso até mencionar alguns:
Estudar a Torá diariamente, melhorando tanto quantitativamente quanto qualitativamente seus estudos, sua busca por conhecimentos. 
Ser humilde e aceitar instrução dos sábios que receberam e preservam a Sagrada Tradição até hoje. 
Procurar desenvolver suas qualificações morais. 
Exercitar a introspecção, e o auto desenvolvimento na observância dos Mandamentos. 
É impossível classificar tais conselhos por ordem de importância, e isso dependerá do nível moral e urgência de cada pessoa.

Nenhum de nós é capaz de destruir o Satán. O que nós devemos fazer é usar a oportunidade do desafio para vencer a nós mesmos, procurando compreender onde o Satan foi enviado a servir-nos de opositor, sabendo então que é exatamente nesta determinada qualidade que devemos agora nos superar. O Talmud nos instrui que a nossa Inclinação ao Mal constantemente tenta nos destruir espiritualmente, e HaShem constamente nos ajuda a vencer nossas fraquezas, pelo simples fato de lutarmos pelo bem. Quando este mundo terminar, no mundo vindouro, o julgamento da história acontecerá. Após isso, a função do Satan estará cumprida neste mundo. Ele não mais precisará guiar as pessoas rumo ao progresso por intermédio das dificuldades que impõe, pois atingiremos o nível desejado por HaShem para este mundo. Uma vez terminado o julgamento, não precisaremos mais da expiação da morte, e conseqüentemente o Satán não mais será o agente da morte biológica, nem um opositor frente à escolha humana. Satán terá então a sua existência anulada, pois atingirá o propósito para o qual foi criado.

E isso não será uma injustiça com o Satan. Será como desligar uma máquina por não mais precisar usá-la. Acaso alguém choraria por desligar sua TV por não querer mais assisti-la? Do mesmo modo que máquinas, “anjos” não são seres conscientes, como nós humanos somos; não possuem nem emoções nem desejos. Eles apenas existem para seguir as instruções de HaShem e é exatamente isso que fazem. Nisso, eles se assemelham aos animais e por isso nas visões, são comparados como tais. Portanto, Satan foi criado para nos desafiar e nós podemos escolher vencer todos os desafios e conseqüentemente, vencer a nós mesmos, ou não. Mas, não foi sem propósito que todo ser foi criado. Sejam os animais ou os anjos! Quando nós lutamos contra nós mesmos, controlando-nos e aprendendo a superação, nós somos recompensados e juntamente conosco o Satan que cumpriu sua missão. A recompensa do Satan é a própria continuidade da sua existência! Que por fim atingirá seu ápice e será anulada quando não for mais necessária.