
Cadish
Antes da alma conhecer por experiência própria as virtudes
de estar num corpo, ela nasce contra a sua vontade e não quer entrar nele. Mas,
depois de viver e conhecer o significado de ser capaz de praticar uma mitsvá,
ela deixa agora o corpo contra a sua vontade. Por isso a Mishná diz: "Você
nasce contra a sua vontade e depois morre contra a sua vontade". Recitamos
o Cadish para ajudar a minimizar o trauma da alma de se separar do corpo, pois
isto é muito doloroso para ela. O Cadish facilita o caminho é recitado durante
onze meses, ainda que leve doze para este trauma se resolver. Como não queremos
indicar, em respeito à alma, que ela, particularmente, precisou de doze meses
completos para se reajustar ao Céu recitamos o Cadish apenas por onze meses.
O que é o Cadish? O Cadish é um hino de louvor a D’us. Por
ser tradicionalmente recitado nos enterros e em honra a entes falecidos
tornou-se popularmente identificado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o
Cadish não faz nenhuma referência à morte ou ao luto. Embora os cabalistas do
século XVI atribuíssem um caráter místico ao Cadish, alegando que toda vez que
era recitado a alma do falecido se elevava a um nível espiritual mais alto o
valor intrínseco do Cadish se relaciona à pessoa que o recita. É uma expressão
pública de fé em D’us por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo
em face da dor e da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da
incapacidade de racionalizar uma tragédia pessoal.
Cadish dos Enlutados
Leis e costumes
• O Cadish é recitado por onze meses menos um dia a partir
do dia do falecimento.
• É importante lembrar que o Cadish só tem valor quando há
minyan, i. e., num grupo de dez judeus, e estes respondem Amên, o que traz
méritos para a alma.
• O Cadish é dito em pé, com os pés juntos.
• Antes de recitar o último verso, “Ossê Shalom
Bimromav...”, dá-se três passos para trás.
• Em todas as orações em que o Cadish é dito cinco velas
devem ser acesas na frente do ledor.
• Os onze meses do Cadish terminam na oração de Minchá do
último dia do décimo-primeiro mês.
• O Cadish também é dito no dia do yahrzeit da data
hebraica, ou seja, durante a oração de Arvit na noite que antecede o
aniversário de falecimento e nas orações de Shacharit e Minchá deste dia.
• Pais que não têm filhos homens devem assegurar que o
Cadish será dito por parente, amigo ou integrante de minyan na sinagoga.
• É costume os enlutados praticarem boas ações em nome do
falecido, principalmente doar tsedacá em seu nome.
Se não há filhos para recitar o Cadish, a família deve pagar
a alguém para recitar o Cadish durante este período.
Yitgadal veyitcadash shemê, bealmá di verá chir‘utê. Veyamlich malchutê,veyatsmach
purcanê, vicarev Meshichê. Bechayechon uvyomechon, uvchayê dechol Bet Yisrael,
baagalá, uvizman cariv, ve’imru amen. Yehê shemê rabá mevarach lealam ul’almê
almayá. Yitbarech, veyishtabach, veyitpaer, veyitromam, veyitnassê,
veyit’hadar, veyit‘alê, veyit’halal shemê decudshá berich Hu. Leelá min col
birchatá veshiratá, tushbechatá venechematá, daamiran bealmá, ve‘imru amen.
Al Yisrael,
veal rabanan, veal talmidehon, veal col talmidê talmidehon, veal col man
deaskin beoraytá, di veatrá haden, vedi vechol atar vaatar; yehê lehon ulchon
shelamá rabá, chiná, vechisdá, verachamin, vechayin arichin, umzoná revichá,
ufurcaná min cadam Avuhon devishmayá, ve‘imru amen
Yehê
shelamá rabá min shemayá, vechayim tovim, alênu veal col Yisrael, ve‘imru amen.
Ossê shalom (nos dez dias entre Rosh Hashaná e yom kipur,substitui-se por:
hashalom) bimromav, hu yaassê shalom alênu, veal col Yisrael; ve‘imru amen.
Tradução:
Que seja exaltado e santificado Seu grande nome
(congregação: Amém), no mundo que Ele criou segundo Sua vontade. Que Ele
estabeleça Seu Reino, faça vir Sua redenção e aproxime a vinda de Seu Mashiach
(congregação: Amém) em vossa vida e em vossos dias e na vida de toda a Casa de
Israel, pronta e brevemente, e dizei amém. (Congregação: Amém)
Que Seu grande nome seja bendito eternamente e por todo o
sempre; que seja bendito.)
Que Seu grande nome seja bendito eternamente e por todo o
sempre. Que seja bendito, louvado, glorificado, exaltado, engrandecido,
honrado, elevado e excelentemente adorado o nome do Santo, bendito seja Ele
(congregação: Amém), acima de todas as bênçãos, hinos, louvores e consolos que
possam ser proferidos no mundo, e dizei amém (congregação: Amém).
Que haja paz abundante emanada dos Céus, e bênção de vida
sobre nós e sobre todo [o povo de] Israel; e dizei amém (congregação: Amém).
Aquele que estabelece (nos dez dias entre Rosh Hashaná e Yom
Kipur, acrescenta-se: “a”) paz em Suas Alturas, possa Ele estabelecer paz para
nós e para todo Israel; e dizei amém (congregação: Amém).
Obs: Ao terminar os trechos “Rabi Yishmael” (no início da
Prece Matinal) e “En k’E-lo-hê-nu” (no final da Prece Matinal) e também após um
estudo de Torá na presença de dez homens (minyan), insere-se o seguinte
parágrafo antes de “Yehê shelamá rabá” (“Que haja paz abundante”)
Sobre Israel, sobre nossos mestres e sobre seus discípulos e
sobre todos os discípulos de seus discípulos e sobre todos os dedicados ao
estudo de Torá, quer aqui, quer em qualquer lugar; sobre eles e sobre vós, se
derrame paz abundante, graça, benevolência, misericórdia, vida prolongada,
sustento farto e salvação, proporcionados por Seu Pai nos Céus, e dizei amém
(congregação:Amém).
Com este acréscimo o Cadish é denominado “Cadish
de’Rabanan”.
Curiosidades
Por que o Cadish é recitado em aramaico? Nos tempos
talmúdicos, o hebraico era o idioma dos eruditos, a língua do estudo e da
oração, porém o vernáculo era o aramaico.
Os rabinos achavam essencial que qualquer leigo pudesse
captar plenamente o significado do Cadish. Decretaram que esta oração fosse
sempre proferida na língua em que foi composta: em aramaico, a linguagem do
povo .
Por que existem varias formas de Cadish? O Cadish era
originalmente recitado no final de um sermão ou de uma sessão de estudos, e
continha um parágrafo a mais que constituía uma prece pelo bem estar de todos
que se dedicam ao estudo da Torá. A primeira referência ao Cadish como uma
oração dos enlutados se encontra no livro Or Zarua, escrito no século XIII pelo
Rabino Isaac Ben Moses de Viena.
Além destas duas formas - o Cadish dos rabinos (Cadish
de'Rabanan) e o dos enlutados (Cadish Yatom) - duas outras versões são usadas
em nossas sinagogas hoje em dia: uma forma abreviada recitada no final de cada
parte do serviço, o meio cadish (Chatzi Cadish) e o "Grande Cadish"
(Cadish Shalem), recitado no término do serviço religioso.
Por que os filhos devem recitar o Cadish diariamente durante
onze meses após a morte do pai ou da mãe? Originalmente, os rabinos estipularam
que o Cadish deveria ser recitado durante um ano, até terminar o prazo de luto
no qual os filhos devem se abster de participar de reuniões festivas, etc. Uma
pessoa, após a morte, deve expiar os pecados cometidos na Terra, antes que sua
alma entre no Gan Eden. Quanto maior o número de pecados, maior o tempo de
expiação, sendo que o prazo máximo era de doze meses.
Baseado nesta crença, o Rabino Isserles de Cracóvia decretou
no século XVI que o Cadish deveria ser recitado somente durante onze meses,
pois se fosse mantido o período total de um ano, poderia parecer que o falecido
tinha sido um pecador do mais alto grau .
O que é o Gan Éden (Paraíso)? O local onde repousam as
almas, o mundo espiritual. A alma volta ao mundo das almas e se adapta a ele
como se nunca houvesse saído. É uma alma entre almas sem precisar de
reintegração. Isto é o Paraíso. O período de reintegração tem, no máximo, doze
meses. E para ajudar na adaptação, recitamos o Cadish. Damos à alma o crédito
por todas as mitsvot que foram realizadas devido à sua influência sobre nós.Nos
Provérbios, o mais sábio dos homens diz: "Eu elogio os mortos que já
morreram mais do que os vivos." Uma das razões para dizer isto é porque o
impacto, a impressão e a influência extraordinários que uma pessoa tem depois
de sua morte é muito maior e mais forte que quando viva.