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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Falecimento

            

Cadish

Antes da alma conhecer por experiência própria as virtudes de estar num corpo, ela nasce contra a sua vontade e não quer entrar nele. Mas, depois de viver e conhecer o significado de ser capaz de praticar uma mitsvá, ela deixa agora o corpo contra a sua vontade. Por isso a Mishná diz: "Você nasce contra a sua vontade e depois morre contra a sua vontade". Recitamos o Cadish para ajudar a minimizar o trauma da alma de se separar do corpo, pois isto é muito doloroso para ela. O Cadish facilita o caminho é recitado durante onze meses, ainda que leve doze para este trauma se resolver. Como não queremos indicar, em respeito à alma, que ela, particularmente, precisou de doze meses completos para se reajustar ao Céu recitamos o Cadish apenas por onze meses.

O que é o Cadish? O Cadish é um hino de louvor a D’us. Por ser tradicionalmente recitado nos enterros e em honra a entes falecidos tornou-se popularmente identificado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o Cadish não faz nenhuma referência à morte ou ao luto. Embora os cabalistas do século XVI atribuíssem um caráter místico ao Cadish, alegando que toda vez que era recitado a alma do falecido se elevava a um nível espiritual mais alto o valor intrínseco do Cadish se relaciona à pessoa que o recita. É uma expressão pública de fé em D’us por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo em face da dor e da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da incapacidade de racionalizar uma tragédia pessoal.

Cadish dos Enlutados
Leis e costumes

• O Cadish é recitado por onze meses menos um dia a partir do dia do falecimento.

• É importante lembrar que o Cadish só tem valor quando há minyan, i. e., num grupo de dez judeus, e estes respondem Amên, o que traz méritos para a alma.

• O Cadish é dito em pé, com os pés juntos.

• Antes de recitar o último verso, “Ossê Shalom Bimromav...”, dá-se três passos para trás.

• Em todas as orações em que o Cadish é dito cinco velas devem ser acesas na frente do ledor.

• Os onze meses do Cadish terminam na oração de Minchá do último dia do décimo-primeiro mês.

• O Cadish também é dito no dia do yahrzeit da data hebraica, ou seja, durante a oração de Arvit na noite que antecede o aniversário de falecimento e nas orações de Shacharit e Minchá deste dia.

• Pais que não têm filhos homens devem assegurar que o Cadish será dito por parente, amigo ou integrante de minyan na sinagoga.

• É costume os enlutados praticarem boas ações em nome do falecido, principalmente doar tsedacá em seu nome.

Se não há filhos para recitar o Cadish, a família deve pagar a alguém para recitar o Cadish durante este período.

Yitgadal veyitcadash shemê, bealmá di verá chir‘utê. Veyamlich malchutê,veyatsmach purcanê, vicarev Meshichê. Bechayechon uvyomechon, uvchayê dechol Bet Yisrael, baagalá, uvizman cariv, ve’imru amen. Yehê shemê rabá mevarach lealam ul’almê almayá. Yitbarech, veyishtabach, veyitpaer, veyitromam, veyitnassê, veyit’hadar, veyit‘alê, veyit’halal shemê decudshá berich Hu. Leelá min col birchatá veshiratá, tushbechatá venechematá, daamiran bealmá, ve‘imru amen.

Al Yisrael, veal rabanan, veal talmidehon, veal col talmidê talmidehon, veal col man deaskin beoraytá, di veatrá haden, vedi vechol atar vaatar; yehê lehon ulchon shelamá rabá, chiná, vechisdá, verachamin, vechayin arichin, umzoná revichá, ufurcaná min cadam Avuhon devishmayá, ve‘imru amen

Yehê shelamá rabá min shemayá, vechayim tovim, alênu veal col Yisrael, ve‘imru amen. Ossê shalom (nos dez dias entre Rosh Hashaná e yom kipur,substitui-se por: hashalom) bimromav, hu yaassê shalom alênu, veal col Yisrael; ve‘imru amen.

Tradução:
Que seja exaltado e santificado Seu grande nome (congregação: Amém), no mundo que Ele criou segundo Sua vontade. Que Ele estabeleça Seu Reino, faça vir Sua redenção e aproxime a vinda de Seu Mashiach (congregação: Amém) em vossa vida e em vossos dias e na vida de toda a Casa de Israel, pronta e brevemente, e dizei amém. (Congregação: Amém)

Que Seu grande nome seja bendito eternamente e por todo o sempre; que seja bendito.)
Que Seu grande nome seja bendito eternamente e por todo o sempre. Que seja bendito, louvado, glorificado, exaltado, engrandecido, honrado, elevado e excelentemente adorado o nome do Santo, bendito seja Ele (congregação: Amém), acima de todas as bênçãos, hinos, louvores e consolos que possam ser proferidos no mundo, e dizei amém (congregação: Amém).

Que haja paz abundante emanada dos Céus, e bênção de vida sobre nós e sobre todo [o povo de] Israel; e dizei amém (congregação: Amém).

Aquele que estabelece (nos dez dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur, acrescenta-se: “a”) paz em Suas Alturas, possa Ele estabelecer paz para nós e para todo Israel; e dizei amém (congregação: Amém).

Obs: Ao terminar os trechos “Rabi Yishmael” (no início da Prece Matinal) e “En k’E-lo-hê-nu” (no final da Prece Matinal) e também após um estudo de Torá na presença de dez homens (minyan), insere-se o seguinte parágrafo antes de “Yehê shelamá rabá” (“Que haja paz abundante”)

Sobre Israel, sobre nossos mestres e sobre seus discípulos e sobre todos os discípulos de seus discípulos e sobre todos os dedicados ao estudo de Torá, quer aqui, quer em qualquer lugar; sobre eles e sobre vós, se derrame paz abundante, graça, benevolência, misericórdia, vida prolongada, sustento farto e salvação, proporcionados por Seu Pai nos Céus, e dizei amém (congregação:Amém).

Com este acréscimo o Cadish é denominado “Cadish de’Rabanan”.

Curiosidades

Por que o Cadish é recitado em aramaico? Nos tempos talmúdicos, o hebraico era o idioma dos eruditos, a língua do estudo e da oração, porém o vernáculo era o aramaico.
Os rabinos achavam essencial que qualquer leigo pudesse captar plenamente o significado do Cadish. Decretaram que esta oração fosse sempre proferida na língua em que foi composta: em aramaico, a linguagem do povo .

Por que existem varias formas de Cadish? O Cadish era originalmente recitado no final de um sermão ou de uma sessão de estudos, e continha um parágrafo a mais que constituía uma prece pelo bem estar de todos que se dedicam ao estudo da Torá. A primeira referência ao Cadish como uma oração dos enlutados se encontra no livro Or Zarua, escrito no século XIII pelo Rabino Isaac Ben Moses de Viena.
Além destas duas formas - o Cadish dos rabinos (Cadish de'Rabanan) e o dos enlutados (Cadish Yatom) - duas outras versões são usadas em nossas sinagogas hoje em dia: uma forma abreviada recitada no final de cada parte do serviço, o meio cadish (Chatzi Cadish) e o "Grande Cadish" (Cadish Shalem), recitado no término do serviço religioso.

Por que os filhos devem recitar o Cadish diariamente durante onze meses após a morte do pai ou da mãe? Originalmente, os rabinos estipularam que o Cadish deveria ser recitado durante um ano, até terminar o prazo de luto no qual os filhos devem se abster de participar de reuniões festivas, etc. Uma pessoa, após a morte, deve expiar os pecados cometidos na Terra, antes que sua alma entre no Gan Eden. Quanto maior o número de pecados, maior o tempo de expiação, sendo que o prazo máximo era de doze meses.
Baseado nesta crença, o Rabino Isserles de Cracóvia decretou no século XVI que o Cadish deveria ser recitado somente durante onze meses, pois se fosse mantido o período total de um ano, poderia parecer que o falecido tinha sido um pecador do mais alto grau .


O que é o Gan Éden (Paraíso)? O local onde repousam as almas, o mundo espiritual. A alma volta ao mundo das almas e se adapta a ele como se nunca houvesse saído. É uma alma entre almas sem precisar de reintegração. Isto é o Paraíso. O período de reintegração tem, no máximo, doze meses. E para ajudar na adaptação, recitamos o Cadish. Damos à alma o crédito por todas as mitsvot que foram realizadas devido à sua influência sobre nós.Nos Provérbios, o mais sábio dos homens diz: "Eu elogio os mortos que já morreram mais do que os vivos." Uma das razões para dizer isto é porque o impacto, a impressão e a influência extraordinários que uma pessoa tem depois de sua morte é muito maior e mais forte que quando viva.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um Mar de Pessoas

Comentários sobre a festa de Pessach

Shloshethreglim2
As três festas de peregrinação (Shloshet Haregalim)

A festa de Pessach é uma das três festas chamadas de “festas de peregrinação”, juntamente com Shavuot e Sucot. O significado desta expressão é que, nestas três datas, o povo de Israel deveria deixar suas casas e campos para chegar a Jerusalém e participar das festividades do Templo.
Para poder chegar a tempo, tinham que deixar suas casas uma ou duas semanas antes do início da festa, em grandes caravanas de peregrinos, juntamente com toda a família e, alguns animais para os sacrifícios do Templo.
Se fosse em Pessach, deveriam pensar não somente em um cordeiro para a noite do Seder, mas também em algum outro animal para o abate de “Chagiga” – isto é, o sacrifício de ‘festa’ sacrificado pela manhã e que podia ser consumido nos dois primeiros dias e durante a primeira noite. Certamente trariam muitos outros animais para comer durante a semana que durava Pessach ou Sucot, uma vez que neste feriado, a alegria é ‘obrigatória’ e o dito talmúdico diz que “não há alegria sem carne (de gado) e vinho”.
Nem todos possuíam animais suficientes para trazer ou mesmo como trazê-los ao Templo, então vinham os pastores a Jerusalém, com grandes rebanhos de gado, maiores e menores, proporcionando aos peregrinos, mais esta opção.
Um mar de pessoas
Definitivamente um dos primeiros efeitos destas peregrinações é o contato direto, durante todo o período da festa, com milhares de outras pessoas, até então desconhecidas e das quais, muito provavelmente, nunca os verá novamente. Um mar de pessoas subindo as escadas em direção ao Templo, desde a cidade de David, no período do Primeiro Templo, ou a partir da colina ocidental, durante o Segundo Templo. Todos já se haviam banhado nas vários ‘mikva’ot’ que haviam nas redondezas, antes de poderem entrar nos recintos sagrados do Monte do Templo.
Esse contato, esse sentir-se parte de um enorme grupo de pessoas com o mesmo objetivo, no mesmo sentido, fora de todos os efeitos espirituais que ocorrem graças aos sacrifícios e à presença no templo, muda completamente a perspectiva das pessoas que participam do evento.
Em um estudo publicado na National Geographic, em Israel, a Sra. Laura Spini explica sobre a festa hindu que acontece na cidade de Allahabad, a cada primavera. Chegam dezenas de milhões de pessoas a localidade para, por uma semana, banhar-se no rio Ganges, transformando o evento na, provavelmente, maior festa religiosa do mundo. Uma equipe de psicólogos liderados pelo Dr. Steven Fitting, da Universidade britânica de St. Andrews, buscaram examinar os efeitos de viver em duras condições de peregrinação nos participantes do chamado, Maha Kumbh Mela.
Identidade Coletiva
Se poderia pensar que o indivíduo perde a sua personalidade particular neste momento, podendo levar à perder sua capacidade de pensar com sabedoria e agir com moralidade, características estas, tão básicas, que nos tornam humanos. Mas o estudo mostra que esses encontros são importantes e até mesmo, essenciais para a sociedade. Realmente nos ajudam a consolidar um sentimento de identidade coletiva, ajudando a criar novas relações com os outros e inclusive, melhorar a nossa sensação física.
É verdade que existe diferença entre a multidão física e a psicológica. Ou seja, não é o mesmo quando muitas pessoas se juntam no metro ou até mesmo em um festival de musica, de quando têm um objetivo em comum a realizar. Neste último caso, aprendemos a usar a palavra “nós” em vez da palavra “eu”, mas, sem perder a identidade particular.
Ao participar de um grupo grande, a pessoa pode mudar sua maneira de ver o mundo, diz o psicólogo Mark Levine, colega do Dr. Racor. Reações à superlotação, música alta e local de acampamento, quando realizadas em um mesmo objetivo, principalmente quando se trata de um grande evento religioso, se distinguem das que, no passado, poderiam ser consideradas “normais”.
Contato com a Shechiná
É claro que esta é apenas uma das grandes vantagens da peregrinação ao Templo de Jerusalém, já que o principal é o contato direto com a Presença Divina, muito evidente no Templo. Este contato que gerava o bom humor necessário para que, as pessoas muito qualificadas, chegassem ao nível da profecia.
Mas mesmo quando não se alcançava a profecia, se podia chegar a um estado de espírito próximo da santidade que permitia uma melhor conexão com o Criador, através das orações ou da melhor compreensão das mensagens da Torá e de outros livros do ‘Tanakh’.
O simples contato físico com pessoas santas que frequentavam a peregrinação e se misturavam com o resto dos fiéis, já causava uma grande impressão na alma e condicionava o comportamento de todos os presentes que voltavam, em seguida, fortificados à rotina em suas respectivas casas.
Por tudo isso, esperamos impacientes o momento em que possamos retomar a verdadeira peregrinação. É verdade que, hoje, grandes multidões chegam ao ‘Kotel’, o muro de contenção do Monte do Templo, o lugar mais próximo do Santuário que se pode chegar. Mas, ainda, estamos muito longe do que foi nos dias do Templo, da peregrinação com um verdadeiro contato com a ‘Shechiná’.
“Que o Templo seja reconstruído em breve, nos nossos dias… “

Fonte: Shavei Israel 

Cremação

     O que a Torá diz...

  

            
Se alguém de nossa família deixa como pedido antes de sua morte para que seu corpo seja cremado, como devemos proceder? Cumprir sua vontade? O que o judaísmo fala sobre isto?          
                         
           
RESPOSTA:

A cremação é proibida no Judaísmo porque a morte envolve mais que apenas um corpo. Trata-se da alma.

Devido ao custo elevado do enterro — caixão, matseivá (lápide), terreno no cemitério, ou movidos simplesmente por um desejo pessoal — muitos judeus estão optando pela cremação. Qual a posição judaica?

O Judaísmo permite apenas o enterro. A fonte para isso é a Torá, onde D’us diz a Adam: "Retornarás ao solo, pois foi do solo que foste feito" (Bereshit 3:19).

O Judaísmo não somente proíbe expressamente a cremação, como insiste num enterro muito simples diretamente no chão.

Com a morte, a alma passa por uma dolorosa separação do corpo, que até então a tinha abrigado. Este processo de separação ocorre conforme vai ocorrendo a decomposição do corpo. Quando o corpo é enterrado, desintegra-se lentamente, fornecendo desta forma um conforto à alma que está se liberando do corpo. Esta decomposição é fundamental, e é por isso que a Lei Judaica proíbe embalsamar ou enterrar em um mausoléu, o que na verdade retardaria este processo fundamental de decomposição.

Além disso, os judeus são sepultados em um caixão de madeira, que se deteriora mais rapidamente. Da mesma forma, a Lei Judaica decreta que o sepultamento seja feito o mais rápido possível depois da morte. (Em Israel, os funerais freqüentemente ocorrem no mesmo dia da morte). Tudo isso é feito para o benefício da alma.

Uma razão pela qual o Judaísmo proíbe a cremação é que a alma sofreria um grande choque, devido à súbita separação artificial do corpo. Como diz o Talmud: "O enterro não é para o bem dos vivos, mas sim para os mortos" (Sanhedrin 47a).

Ressurreição

A tradição judaica registra que com o enterro, um único osso na parte posterior do pescoço nunca se decompõe. É a partir deste osso — chamado osso luz — que o corpo humano será reconstruído na futura Era messiânica, quando todos os mortos serão ressuscitados. Com a cremação, aquele osso pode ser destruído, e o processo de ressurreição prejudicado.

Na verdade, alguém que escolhe a cremação age como se não acreditasse na ressurreição. A ressurreição é uma crença fundamental do Judaísmo, como foi expresso na obra clássica de Maimônides em seus Treze Princípios da Fé:

"Creio com plena fé na Ressurreição dos Mortos, que ocorrerá quando for a vontade do Criador."

Fontes:
Beit Yitschak, Yoreh Deah II, 195 (baseado no Talmud — Temurah 34a).
Achiezer III, 72:4 (baseado em devarim 21:23, e Maimônides — Leis do Sanhedrin 15:8)
http://www.chabad.org.br/interativo/faq/cremacao.html